Introdução e conceito
Também conhecida por Necrose Avascular, ou Osteonecrose da cabeça femoral, esta é uma patologia que acomete a irrigação sanguínea dentro da cabeça do fêmur.
Acomete preferencialmente indivíduos de 30 a 60 anos, mais freqüente em homens que mulheres, e tem caráter progressivo.
Causas
Traumas como luxações (deslocamentos da articulação) ou fraturas podem levar a necrose da cabeça femoral. Nas luxações puras (sem fraturas associadas) a incidência de necrose da cabeça femoral relatada na literatura varia de 6% a 48%. A demora do tratamento da luxação (mais que 24h) á definitivamente fator de maior risco de necrose.
As duas principais causas não traumática são etilismo (uso de bebida alcoólica) e o uso de medicamentos que contenham cortisona chamados corticosteróides.
Além desta , outras doenças também podem levar a necrose asséptica, e estão na seguinte lista:
Quandro Clínico
No estágio inicial a doença pode ser assintomática. A dor na virilha é o primeiro sintoma, geralmente nos movimentos de rotação do quadril. Pode acompanhar de limitação do movimento pela dor, claudicação levando ao paciente procurar uso de muletas.
Ocasionalmente a dor pode ser realmente forte, obrigando o paciente a parar de caminhar e procurar um serviço médico de emergência, para medicação analgésica.
À medida que o estágio inicial de sinovite vai passando a dor aguda melhora até espontaneamente, podendo chegar a ausência de dor.
A evolução da patologia leva ao desgaste da articulação, dado a deformidade da cabeça femoral. Assim, os sintomas passam a ser parecidos com a artrose do quadril. A limitação dos movimentos, claudicação e dor são os principais sintomas. Entre o estagio inicial e a artrose do quadril pode haver um tempo de muitos anos. Não há como prever este tempo.
Diagnóstico
Após um apurado exame clínico, e história compatível o médico pode solicitar alguns exames para o diagnóstico e também para diferenciar de outras doenças nesta região.
A Ressonância Magnética é o exame que faz o diagnóstico mais precoce. Uma vez feito este diagnóstico não há necessidade repeti-lo para avaliar a evolução. Esta pode e deve ser realizada com uma radiografia simples.
A Cintilografia óssea , é a injeção na veia de um elemento radioativo (tecnécio 99). Na necrose da cabeça femoral existe um aumento da captação deste elemento. É um exame muito sensível, mas pouco específico. Na falta da Ressonância Magnética pode ser utilizado.
Tomografia Computadorizada não é utilizada nestes casos, pois pode confundir o resultado com outras patologias. A Ressonância substituiu a tomografia para estes casos.
A Radiografia (Rx) é extremamente importante e útil para o acompanhamento desta patologia. Apesar de nas fases bem iniciais ser normal , logo já surgem alterações visíveis. Este é o melhor método para acompanhar a progressão da doença.
A figura 1 mostra uma radiografia de um paciente com necrose asséptica da cabeça femoral bilateral. O lado direito esta em um estagio mais avançado, enquanto o lado esquerdo as alterações radiográficas são quase imperceptíveis.
Tratamento
Não há tratamento específico para esta doença. Não há qualquer medicamento que restaure a irrigação sanguínea da cabeça femoral.
Diversas técnicas cirúrgicas já foram tentadas para o tratamento desta patologia, sem contudo, sucesso absoluto.
Alguns autores acreditam que o tratamento da necrose deva ser apenas através de descarga de peso (muletas) na fase inicial, e fisioterapia. Acreditam que a cirurgia piora o quadro inicial e levaria a uma artrose precoce com desabamento da superfície articular em dois anos.
Ainda existem diversos autores e cirurgiões tanto no Brasil quanto fora, que sugerem que diversas perfurações na cabeça do fêmur possam aliviar a dor. Esta técnica é conhecida como foragem.
Também pode-se associar estas perfurações com a colocação de enxerto ósseo retirado do próprio paciente (autoenxerto).
Há técnicas de enxerto ósseo vascularizado, ou seja, levar um osso junto com uma artéria para dentro do colo do fêmur irrigando a cabeça femoral. Esta é uma grande vantagem, entretanto a desvantagem deste método é a dificuldade técnica e o porte cirúrgico, e nem sempre a garantia de sucesso.
A substituição da articulação ,ou seja , a Artroplastias Total do Quadril, pode ser utilizada nas fases tardias da doença, onde já está instalada a artrose, e o paciente esta com muita dor e dificuldade para caminhar. As próteses totais do quadril na necrose asséptica tem uma evolução particular, diferente da artrose primária. Isto deve ser esclarecido pela experiência do cirurgião.